sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eu gosto de escrever, sempre gostei. Tenho um blog pessoal onde escrevo indiretamente sobre minha vida e sobre como eu vejo as coisas ao meu redor. Eu criei esse blog aqui, porque eu me apaixonei por uma mulher, porque eu AMO uma mulher e isso virou minha vida de cabeça para baixo. Bagunçou tudo e eu preciso de um lugar para escrever, senão eu fico louca. Não posso usar meu blog pessoal, porque é muito fácil de encontrar, só de jogar meu nome no Google aparece toda a minha vida e claro, meu blog logo de cara pra quem quiser ver. Não tenho problema nenhum com o que eu sinto, com o que eu vivo, na verdade, mas eu só tenho 19 anos, sou dependente financeiramente dos meus pais e eles tem sim muito problema com isso. Meu relacionamento com minha família nunca foi tão difícil, tão delicado, tão instável, tão... Sei lá, me faltam adjetivos. E eu tive que aprender a mentir e só Deus sabe como isso doeu e ainda dói. Acredito muito em Deus e Ele é maior do que tudo isso e do que esse preconceito todo criado pela própria sociedade e não por Ele. Então, agora eu tenho um pseudônimo e escrevo com ele, por não poder usar meu nome. Isso é estranho, sabe, porque eu sempre gostei de poder assinar meu nomezão muito bem assinado em tudo o que eu escrevo, mas é como se eu precisasse me proteger do preconceito da minha própria família e também tenho um pouco de mania de perseguição, parece que tão sempre me seguindo, e controlando, o que eu entendo perfeitamente, porque eu entendo que eles tem os princípios pequenos e limitados deles e enfim, milhares de fatores para agir como agem... A nossa sociedade criou algo tão ruim e tão bem criado que esse preconceito tá entranhado e por mais que a mídia (atualmente) se desgaste tentando mudar isso, o caminho é longo e ainda tem muito chão pela frente. Eu estou nessa situação, no "armário", digamos assim, por falta de opção. A maior parte dos leitores pode achar que é covardia, mas sinceramente, discordo. Ter que lidar com uma Mãe que diz que vai se matar, que ter uma filha que se relaciona com uma mulher é o maior desgosto da vida dela e que ela não suporta isso, dói muito. Dói mais ainda saber que não é só chantagem, ela pensa MESMO isso e sente MESMO tudo isso e eu sou forte sim, muito forte, mas não o suficiente pra destruir a vida pequena e limitada da minha mãe de vez, sabe? Ela não tem nem mesmo estrutura emocional pra lidar com ela mesma, imagine com tudo isso. É preciso tempo e eu não posso dar um passo bem maior do que a minha perna, mesmo sendo super apressada como sou, louca pra ganhar o mundo inteiro. Eu fico muito triste de ver isso tudo ao meu redor. Acho tudo tão pequeno, as pessoas são pequenas, com o coração pequeno e dá vontade de abrir a cabeça delas e colocar lá dentro umas boas verdades que elas mesmas não querem procurar. Se contentam com o pouco que já vem estabelecido há séculos e que as pessoas tomaram como verdades e depois se tornaram princípios (não sei como), mas que agora estão arraigados na maior parte (ainda) da nossa sociedade. E o que me revolta aqui não é só discriminação sexual, é de todo tipo, a discriminação social, sexual, por raça, por religião, deficiência, enfim, tudo. A cada dia que passa eu concluo mais ainda minha ideia de que não tenho nenhuma religião de fato, porque não existe uma única religião que englobe todos os meus valores pessoais e eu prefiro pensar sozinha do que entrar num lugar e ouvir alguém me falar como são as coisas. Eu sou muito crítica, discordo tanto de tanta coisa que fica difícil. Eu já li a maior parte da bíblia e não vejo nada do que tanto dizem. Me considero uma “pesquisadora” a respeito da Bíblia. Acho um livro magnífico, fantástico e absurdamente interessante. E às vezes acho que ele foi criado pra isso mesmo, sabe? Pra confundir todo mundo. Porque se ele fosse um livro claro, direto, e não desse abertura à diversas interpretações, o homem não se daria ao trabalho de pensar ou refletir. Falo isso porque mesmo sabendo que é um livro interpretativo, a maior parte da sociedade insiste em fazer leitura literal e trazer tudo o que tá ali pra nossa sociedade atual, ignorando completamente o contexto em que ele foi escrito. Não são leis. Deus não impôs leis a serem seguidas com a pena de céu ou inferno. Mas é fato que aqui se faz aqui se paga e que a gente colhe o que a gente planta. Acredito que seja mais um livro de conselhos a serem seguidos para que a convivência na sociedade acontecesse da melhor maneira possível, porque, enfim, somos obrigados a viver em sociedade, isso não é uma opção, pelo menos pra mim nunca foi. Me isolar numa ilha deserta nunca foi uma opção. O problema é que o tiro saiu pela culatra, as religiões foram criadas e as pessoas se afastaram cada vez mais do que a Bíblia sugere e do que Deus queria pra nós. Ele queria paz e uma vida boa, a gente se rendeu ao ódio e fez a Guerra. A gente se dividiu em classes sociais e começamos a nos dividir em subgrupos e passamos a atacar tudo àquilo que parece ser diferente do que é considerado normal. A gente desaprendeu a conviver com diferenças. A gente já se destruiu várias vezes e o pior, por mais que eu tente ser otimista a respeito disso, sei que ainda vamos nos destruir ainda mais. A tendência é essa. Eu fui criada como católica e de certa forma ainda sou, mas eu tenho minha visão das coisas e é um grupo muito pequeno da Igreja Católica que pensa como eu, mas pelo menos ele existe e é muito bom ter com quem trocar ideias. E saber que existem padres que não vão querer te dar um banho numa piscina de água benta e rezar em cima de ti pra essa tentação sair do teu corpo, que não vão dizer que isso é do diabo e que tu vais direto pro inferno. Porque o AMOR é de DEUS. Amor ao próximo, não importa a forma que for. Eu me preocuparia com o que eu sinto se isso fizesse mal a alguém, mas não faz. Se eu tivesse que passar por cima de alguém, prejudicar alguém, machucar, roubar, matar alguém, enfim, pra poder sentir o que eu sinto, mas isso não existe. Ah, tem minha família. É, de certa forma eu machuco eles por não seguir o padrão que eles querem, por não participar desse preconceito social, por não entender que amar uma mulher não é natural. Se não fosse natural eu nem sentiria isso. É natural. O que não é natural é esse preconceito. Isso não é natural. Isso é tão social que incomoda. A sociedade me incomoda demais e eu sei que nunca vou poder mudar ela de fato, no máximo, e com muito esforço, a gente vai conseguir um lugar pra viver melhor, onde as pessoas consigam fazer o mínimo que é respeitar as diferenças. Mais que isso é utopia. Mas mesmo sendo utopia, eu sonho que meus netos (sim, eu pretendo ter filhos, três, na verdade, a Helena, o Henrique e o César) vejam isso como algo normal natural e não como algo abominável. O amor é a coisa mais linda que o ser humano tem a capacidade de sentir e a maior parte das pessoas fazem isso parecer abominável. Abominável é fazer isso com um sentimento tão lindo, é usar o nome de Deus pra discriminar alguém ou um grupo, é não saber conviver com diferenças, é julgar o próximo, é não ter a capacidade de olhar pra si mesmo e viver em função dos outros.


Fica aqui mais um desabafo e minha tristeza de não poder assinar meu nomezão.

Alice Carrolll




Não admiro os covardes, mas agora já é tarde.
Ai esse meu jeito feio de não saber lhe perder...
E as lágrimas correm, como sempre, num descontrole invejável.

3 comentários:

  1. olha e super complicado familia eu q o diga. quando minha mae comecou a desconfiar d mim ela disse na minha cara que preferia uma filha drogada ou prostituta do que uma "sapatano" e que se eu realmente gostasse de mulher ela iria mandar meu pai me estrupar e estrupar a menina que estivesse comigo p nos aprender a gostar de homem na "marra". mas n foi isso q aconteceu depois d mt trabalho ela aceitou............ bjssssssssssssssssssssssssssss e boa sorte

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  2. Alice, creio que pelo menos esse nome seja seu. Se conselho fosse bom ninguém dava, vendia. Cobro o meu depois. O que posso dizer de melhor é estude, estude muito. Arranje um bom emprego e torne-se independente. Depois lembre-se que você não é responsável pela felicidade dos outros. No máximo você será responsável pela sua felicidade. Por mais que eu diga isso ou aquilo no final do dia a cabça que irá deitar no seu travesseiro é a sua e nesse momento quem vai ter que conviver com as suas escolhas é você e só você. Então trate de fazer o que é melhor pra ti.
    Um abraço moça e estude muito.

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  3. Pior é que esse nome não é meu. Mas você me conhece. E seus conselhos são sempre muito bons. E você já me deu esse conselho antes, por sinal.. Em um outro momento difícil da minha vida, mas enfim, o caminho é esse mesmo, não importa o quanto eu pense sobre o assunto, é fato que preciso é estudar, ter independência financeira e trilhar meu próprio caminho. Obrigada por se importar sempre, isso faz a diferença.
    Beijos, L.S. Alves!
    Te cuida. ;)

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