Filme "Preciosa"

Sexta feira eu saí para comer churrasquinho com o meu pai e estávamos esperando a comida chegar quando surgiu um carinha vendendo uns DVD's piratas. Assumo, se a Polícia Federal bate em casa eu vou presa, só falta um pé para comercializar tudo isso de DVD que tem aqui. hahaha Enfim, eu estava escolhendo lá os filmes e no meio encontrei o filme "Preciosa" que foi indicado ao Oscar e tudo mais. Todo ano eu quero ver todos os filmes que ganharam o Oscar, gosto de ver para saber se eu concordo ou não com as premiações, se eles são realmente bons ou se eu discordo de toda a crítica, o que não é difícil para variar... Enfim, comecei a ver o filme ontem, parei no meio porque tive que fazer outra coisa, depois do alomço recomecei a assistir o filme e acabei dormindo sem querer, mas juro que não é porque o filme era ruim. Eu acordei e finalmente terminei de ver o bendito filme. Olha, é um drama, mas é muito bom, sabe?

É a história de Claricee Preciosa Jones (interpretada pela atriz Gabourey Sidibe), que é uma adolescente de 16 anos que sofre de uma série de privações durante sua juventude, na verdade, acredito que desde sua infância. Violentada pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo'Nique) que faz dela uma mais do que uma empregada e todas as coisas ruins possíveis, ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor na sua vida. O fato de ser pobre e gorda é mais um fator que não ajuda em nada a vida da garota. E para completar, ela tem uma filha apelidada de "Mongo" por ser portadora de Sindrome de Down e o pai da filha dela é simplesmente o próprio pai de Claricee, a criança é fruto dos abusos sofridos por Preciosa durante sua vida e além de tudo, ela está grávida pela segunda vez, do mesmo monstro que a estuprou durante sua vida toda. Devido essa última gravidez, Preciosa é suspensa da escola e a Sra. Lichtenstein (Nella Gordon) consegue para ela uma escola alternativa, que pode ajudá-la a lidar de uma maneira melhor com sua própria vida, suas dificuldades. Nessa escola, Preciosa encontra garotas problemáticas que estão ali pelo mesmo motivo que ela, procurar melhorar de vida construir um novo caminho, enfim, Claricee acha um meio de fugir de sua existência traumática e encontra uma pessoa que se preocupa com ela e quer muito ajudá-la que é sua professora, Sra. Blu Rain. O filme mostra basicamente uma história de superação, pois no meio de todas as dificuldades possíveis e imagináveis, Preciosa acaba encontrando alternativas para superar o seu sofrimento e ser uma boa mãe para seus filhos.

Bom, recomendo o filme a todos, é fato. Mas gostaria de destacar uma partezinha do filme bem pequena e interessante que é quando Preciosa tem uma briga muito feia com sua mãe e sai de casa com seu bebêzinho no colo e por não ter para onde ir acaba se refugiando em sua própria escola. Sua professora a encontra e não mede esforços para ajudá-la e leva Preciosa para sua casa. Aí tem essa cena na casa da professora, onde ela e Preciosa estão comendo na sala e de repente uma mulher desce as escadas, beija a professora na boca e se apresenta falando que finalmente estava conhecendo Preciosa depois tanto ouvir Blu falar sobre ela. Então Preciosa pensa "ih, essas duas são sapatas". E de fato, são. Aí ela continua pensando "minha mãe me disse que gay é gente ruim, que não presta, etc, etc" esse blá blá blá todo que todos nós já conhecemos e em seguida ela pensa "mas gay não me faz mal, gay não me estupra, gay não me bate, gay não abusa de mim" e conclui seu raciocínio pensando em como é bom o bebê dela estar ali, naquele ambiente, com aquelas duas mulheres, ouvindo coisas boas, interessantes, cultas e que isso é mil vezes melhor do que estar em sua própria casa com sua mãe desestruturada e desequilibrada, enfim.

Eu resolvi deixar isso registrado, porque acredito que o filme abordou a homossexualidade de uma forma muito interessante, de uma maneira sutil e adequada. Não era o foco do filme, mas estava ali e eu sinto falta disso na maior parte dos filmes. Sempre tem um negro nos filmes para promover a inclusão social, acho importante que apareça um casal de homossexuais também, porque esse tipo de inclusão é um processo lento, mas que não pode ser ignorado. Considero isso uma pequena vitória. As pessoas se acostumaram a ver a homossexualidade em filmes em que a homossexualidade é o foco como o tão polêmico "O segredo de Brokcback Mountain", mas não em qualquer filme. O tema não é tratado como se fosse algo comum, é algo isolado para um público isolado e isso não é certo. Claro que não vamos conseguir acabar com todos os Tabus e preconceitos da noite pro dia, mas fico feliz quando vejo um pequeno passo como esse que já é alguma coisa. Acredito que essa seja uma das formas que o tema tenha que ser abordado na nossa sociedade.

Alice Carrolll

(e continua a frustração de não assinar meu nomezão)